domingo, 4 de abril de 2010

Capitulo 4 - Conhecer.me para te conhecer

_ Então...qual é a tua história? - perguntou.me Jennifer enquanto caminhavamos pelo jardim da escola.
_ A minha história? - perguntei confusa.
_ Sim...disseste que me compreendias...de não quereres estar aqui. Contas.me a tua história?
_ E tu? Contas.me a tua a seguir?
_ Eu...eu...
_ Tudo bem eu compreendo. Mas sabes que terás de me contar um dia. Eu mereço saber.
_ Eu sei...
_ Bem...eu vivia no Algarve. Em Lagos.
_ Isso não é no Sul?
_ Sim. O Verão era óptimo. A praia estava sempre rodeada de pessoas, montes de Turistas, montes de calor, amigos...mas os meus pais separaram.se. Começaram a discutir cada vez mais frequentemente até que nenhum dos dois aguentou mais.
O meu pai ficou lá e a minha mãe ficou comigo. Vim para cá quando tinha apenas 9 anos. Vim contrariada. Queria ficar no Algarve com o meu pai, onde tinha todos os meus amigos, o calor, a praia... mas tinha que ficar aqui. Lisboa nã era nem um quarto do que o Algarve era para mim, muito ao contrário do que a minha mãe me tinha prometido.
_ E depois? Como ficaste quando vieste para cá?
_ Muito amuada.Quando vim para cá não queria falar com ninguém,não queria amigos nenhuns. Mas o Filipe estava decidido em ficar comigo, e abri.me com ele. Sobre tudo. E agora é o meu melhor amigo.
_ E eu?
_ Tu?
_ Sim...o que é que eu sou para ti?
_ Tu...neste momento és praticamente a minha melhor amiga. Por isso é que te quero conhecer...
_ Melhor...amiga?
_ Sim...melhor amiga...
_ Tu...tu também és a minha melhor amiga...eu...obrigada. Por quereres estar comigo...sabendo que sou perigosa.
_ Tu tens de me contar. Tudo.
_ Se tu souberes o que eu fiz...o que eu sou...não dá para entender. Nunca vais entender.
_ Eu NÃO te vou deixar Jennifer...Nunca te vou deixar...sejas o que sejas.
_ E se acontecer alguma coisa? E se eu não me conseguir controlar quando estou contigo? Quando tenho essas...crises...eu não consigo pensar por mim mesma. Não consigo saber o que estou a fazer. Posso fazer.te a vida num inferno sem saber que o faço. As minhas crises não têm um tempo exacto para acabar...posso não voltar a ser a mesma.
_ Tens de me EXPLICAR! TUDO! eu não vou deixar de ser tua amiga aconteça o que acontecer!
_ E se estiver prestes a matar.te? - perguntou mais séria do que alguma vez a vira.
_ A...a ma-matar-me? - gaguejei surpreendida.
Ela acenou firmemente com a cabeça atenta ás minhas reacções.
_ Estás assustada.- Afirmou.
_ Isso...pode acontecer? Tu eras...capaz?
_ Pode acontecer. Se eu não me controlar quando estiver chateada...se...se me chatear contigo...pode acontecer. Se estiver mesmo muito...acho que pode acontecer.
_ Já...aconteceu...antes?
_ Já. - afirmou.
_ Quem? - perguntei numa voz sufocada.
_ A minha mãe.
O Silêncio que houve durou cerca de 3 minutos.
Eu estava horrorizada e ela sabia-o.
Contudo, Jennifer deixou.me livre para pensar durante todo aquele tempo sem interromper.
Número 1 : Ela era de facto perigosa.
Número 2 : Ela pode matar.
Número 3 : Ela JÁ matou.
Número 4 : Ainda por cima foi a mãe! A pessoa que ela mais amou no mundo!
Número 5 : Porque é que queria continuar a ser amiga dela?
Depois de tudo, conclui que ela só me podia estar a contar isto por uma razão: Queria pôr.me em segurança dela.
_ Eu acho...que precisas MESMO de me contar tudo.
_ Sim. Precisas de conhecer a minha história.

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